16 de maio de 2020

A única certeza que você parece ter é que o mundo como conhecia ficou definitivamente para trás?

– Buscando incessantemente novos conceitos, novas práticas, diferentes formas de relações interpessoais?

– Angustiado com a ideia primeira de cortar custos para sobreviver a pandemia?

– Buscando novas formas de assegurar a produtividade de modo a manter as pessoas (e a saúde mental de todos) que compõem o time e o escritório funcionando?

– Se sentindo estressado face incertezas e a alta complexidade que o mundo impôs sem mandar aviso ou deixar que você se preparasse para tamanha provação?

– Você não está sozinho! Bem-vindo ao mundo VUCA.

Recentemente, em virtude de todas as mudanças decorrentes da pandemia, que trouxe incertezas e zonas de obscuridade ao cenário mundial, observamos um movimento ágil de uma boa parte de nossos clientes.

Que movimento ágil foi este? Protagonizar a “Operação Presença” junto aos clientes. Movimento que demandou reorganização interna estratégica e com prioridades claramente desenhadas e compartilhadas e ação proativa junto aos stakeholders.

Operação Presença: a “hora da verdade”

A operação presença é para o escritório o desafio da “hora da verdade”, expressão que se refere ao momento em que algo é colocado à prova.

É o momento de efetivamente provar ao cliente que a missão, a visão e os valores do escritório estão de fato presentes na caminhada e não apenas no discurso. É, justamente nas condições de adversidades, que se comprova os diferenciais do escritório em termos de agilidade, expertise, de foco no cliente e foco em resultados. É a hora da verdade de mãos dadas com “walk the talk”, expressão para definir que a forma de caminhar está em consonância com o que é pregado.

E, neste ponto vale evidenciar

O gestor e os desafios da hora da verdade

É claro que, a hora da verdade colocou o gestor e a equipe diante de provações até então inimagináveis.  Pois, de um momento para o outro, literalmente, tudo precisou ser reinventado, adaptado e reestruturado. As certezas deram lugar as incertezas, que geraram complexidade e demandaram agilidade para acompanhar o ritmo frenético de mudanças e das MPs para dar conta da regulação mínima das relações jurídicas econômicas e interpessoais do atípico cenário.

E, é justamente na hora da verdade que muitos gestores adquirem, mesmo que a fórceps, o “PhD” em Gestão Ágil, mesmo sem nunca ter sabido que isso pudesse existir.

Pois, em virtude da urgência, emergência e gravidade da situação se veem às voltas com a necessidade de visualizar e antecipar cenários, reorganizar rapidamente o modo de atuar do time e gerar coesão na equipe; redefinir prioridades; formar comitês de crise; atualizar informações para oferecer o melhor apoio técnico para o cliente; renegociar contratos; respirar fundo e  partir para a ação, apesar de toda incerteza, instabilidade, complexidade e volatilidade deste momento mais do que atípico para nossos tempos.

Leia também o artigo Delegue… e quebre! 

O mundo VUCA

É o Mundo VUCA com foça total! Atropelando, desafiando, exigindo e forçando a abandonar tudo aquilo que havia sido concebido até então em termos de métodos, processos e relações.

E, ai meu caro gestor, uma coisa é fato:  quanto mais tempo levarmos para “assimilar” o mundo VUCA, tanto mais os fatores: volatilidade; incerteza; complexidade e ambiguidade serão fortes estressores, que certamente impactarão na forma de olhar para o cenário e para o negócio; na tomada de decisões e nos resultados do escritório.

Portanto meu caro gestor SEJA BEM-VINDO AO MUNDO VUCA. Mas olha, não puxe a cadeira e sente-se confortavelmente. No próximo milissegundo TUDO PODE MUDAR.

[dt_quote type=”pullquote” layout=”right” font_size=”big” animation=”none” size=”1″]Em Novum Organum, Francis Bacon afirmou: “O tempo, como o espaço, tem desertos e solidões.” [/dt_quote]

Talvez fosse para dizer que a linearidade dos acontecimentos é apenas temporária e que é preciso resignar-se a descontinuidade, transformando-a de circunstância desagradável em oportunidade virtuosa, uma vez que a natureza não pula etapas, mas muda por evolução, enquanto a cultura troca paradigmas e muda por revolução.   MASI (2019, P. 14).

O conceito de mundo VUCA foi gerado em virtude da complexidade e incertezas do contexto geopolítico mundial da década de 1990, período pós-Guerra Fria. Contudo, foi em 2008 que passou a ser amplamente aplicado no ambiente de negócios devido à impactante crise econômica datada daquele período.

VUCA, acrômio das palavras de língua inglesa Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade alicerçam o conceito para remeter ao mundo orquestrado por mudanças rápidas, complexas.

  • Volatilidade: é o princípio da impermanência associado à velocidade das mudanças que exige que gestores e negócios desenvolvam o mind set ágil de modo a identificar, entender, contornar e agir nas mudanças, grande parte delas não planejadas.
  • Incerteza: fruto na volatilidade, exige a competência de equilíbrio na incerteza, e a capacidade de capitanear o navio, mesmo sem saber exatamente para onde se está indo e quais desafios podem surgir nos mares já bastante revoltos.
  • Complexidade: fruto da elevada conectividade e interdependência de todos os fatores, criando uma teia complexa e frágil, na qual uma única ação pode promover impacto e consequências em nível global. É o que estamos todos vivenciando agora!
  • Ambiguidade: nos desafia a conviver com o fato de que não há respostas corretas. O que existem são possibilidades que apontam para caminhos nos quais compete aos gestores apenas realizar escolhas conscientes. Imaginar cenários, avaliar impactos sistêmicos e orgânicos; avaliar ganhos e perdas possíveis em virtude de cada uma das decisões. E então, optar por uma direção em detrimento de outra. Sem certezas. Sem promessas. Decisões que, muitas vezes levam a sensação de “salto de fé”, uma vez que não trazem certezas nem promessas. Apenas possibilidades e probabilidades.

[dt_quote type=”pullquote” layout=”right” font_size=”big” animation=”none” size=”1″]E, como cada escolha pressupõe uma renúncia, a única coisa certa é que tais escolhas produzirão consequências. [/dt_quote]

Restando ao gestor e ao negócio conviver e se responsabilizar por elas e pelos impactos por ela provocados.

Fatores como digital, alto volume de dados, comportamento e as exigências do consumidor marcam essa nova era, o que obriga a adaptação das organizações, caso queiram sobreviver.  Assim, fica muito fácil imaginar o agigantamento deste desafio face a ultra velocidade; ultra instabilidade; ultra complexidade e ultra volatilidade devido a pandemia. E os ultra desafios que você gestor de negócios jurídicos experimenta neste momento, que certamente está conduzindo aos limites das forças físicas, intelectuais e emocionais.

Desde os primórdios… Caos

O Mundo VUCA é regido pelo caos – “corte”, “rachadura”, “cisão”, “separação”. Caos, é mais que um conceito. É uma constante que acompanha a humanidade desde os tempos imemoriais.

E, quando quero dar um novo significado a um evento, com meu pai, aprendi a recorrer a mitologia, paixão que compartilho com ele desde a mais tenra idade. A mitologia revela à mente humana o entendimento da vida e de seus aspectos multifacetados.

Caos é o deus grego primordial. Representa a desordem inicial do mundo. Segundo   a cosmogênese narrada no mito, com o surgimento de Eros começou a haver alguma ordem. Caos representava, ao mesmo tempo, uma forma indefinida e desorganizada. Onde todos os elementos encontravam-se dispersos, e uma divindade rudimentar capaz de gerar. De Caos nasceram Nix e Érubus e ambos uniram-se para a geração de novas deidades. No próprio Caos havia, entretanto, a força capaz de trazer-lhe ordem: Eros, tão antigo quanto os próprios elementos dispersos no Caos. Junto a ele, também Anteros. São forças de coesão e separação, espécie de yin e yang na visão grega dos primórdios.

(http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2011/02/caos-o-deus-dadesordem.html)

Observe que significativo: Caos gera Anteros e Eros!  Anteros é irmão e antítese de Eros. É adversário de Eros no mundo mítico. Personifica a antipatia, a aversão. Separa, desune, desagrega, destrói. Semeia a discórdia, desentendimento e hostilidade em seu entorno. Compromete a harmonia e a afinidade dos elementos. E ao conter cada elemento nos limites marcados, evita que a natureza caia novamente no caos.

Mas, Caos também gera Eros, que inspira e gera a profunda simpatia entre os seres, para os unir em outras procriações. Eros “aproxima, une, mistura, multiplica, dá variedade às espécies, em uma única palavra de toda a criação: o amor. Eros é o deus da união, da afinidade universal; nenhum outro ser pode furtar-se à sua influência ou à sua força: Eros é invencível”.

(http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2010/12/eros-e-anteros.html)

Que tal abraçar de vez o mundo VUCA, e dar mais poder e voz para a influência de  Eros? E neste contexto é que entra a gestão ágil.  Anteros é pressa. Éros é agilidade. Anteros é ansiedade. Eros é autocontrole. Anteros é precipitação. Eros é capacidade estratégia.  Assim, Antero e Eros nos ensinam a primeira grande lição par a Gestão Ágil:  pressa e agilidade são coisas bastantes distintas.

Gestão Ágil

Gestão Ágil é abordagem leve para o gerenciamento de projetos, que mesmo os mais complexos possam ser subdividos em etapas menores, com flexibilidade e integração. Ela oferece um novo modelo de planejar, executar e monitorar projetos. De forma a tornar todas as etapas adaptáveis a mudanças repentinas, como mudar prioridades, adiar tarefas e alterar características do projeto conforme necessário.

(https://artia.com/blog/voce-sabe-o-que-e-gestao-agil-e-quais-sao-suas-metodologias/).

A Gestão Ágil convida  revisitar cada pilar e, ao olhar para volatilidade, gerar o fortalecimento da visão; ao olhar para a incerteza, gerar o entendimento; ao olhar para a complexidade, trazer as especificidades ao maior nível de clareza; ao olhar para as ambiguidades, promover a agilidade.

Vale informar que todos os métodos de gestão ágil são guiados pelo Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, um compilado de valores e princípios que direcionam a gestão ágil.

Manifesto Ágil

O Manifesto Ágil foi desenvolvido por 17 pessoas profundamente interessadas em métodos leves –   a exemplo de SCRUM, DSDM, Adaptive Software Development, Crystal, Feature-Driven Development, Pragmatic Programming entre outros –  em fevereiro de 2001 em um resort de ski nas montanhas nevadas de Utah. O Manifesto Ágil é alicerçado em quatro valores, apresentados a seguir:

·        Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

·        Software em funcionamento mais que documentação abrangente

·        Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos

·        Responder a mudanças mais que seguir um plano

Fonte: http://www.metodoagil.com/manifesto-agil/

E, prezado gestor, como pode observar, sobretudo nos dias nebulosos e incertos que atravessamos, o manifesto é um guia de sucesso para a execução de qualquer gestão ágil, imprescindível em tempos de VUCA.

O mundo VUCA e a gestão Ágil

Aqui na EOS gostamos de olhar para a gestão Ágil compreendendo que:

Em Novum Organum, Francis Bacon afirmou: “O tempo, como o espaço, tem desertos e solidões.”

E, em termos específicos, nos deparamos com a oportunidade de refletir e desenvolver competências essenciais para agir no agora, com generosidade, investigação e liderança por propósito significa desenvolver resiliência; visão estratégica; pensamento crítico e trabalho em equipe.

E a partir de agora…

“ E, a partir de agora, muitas mudanças de cenário e postura que precisavam ser adotadas de forma gradual precisaram ser aceleradas para esta situação. Também é importante destacar que a relação com clientes, fornecedores e colaboradores precisa ser obrigatoriamente revista, adequando novas formas colaborativas e de redes na busca de soluções comuns. Há necessidade de repensar o comportamento organizacional, voltando atenção para as pessoas e as parcerias. A própria formação de gestores é pressionada para formar gestores com um novo olhar trazido por este cenário de caos e desenvolvendo novas competências, trabalhando o planejamento com um olhar também para a frustração e para a crise. Embora a pandemia não seja algo desejável, ela ressalta novamente a capacidade de adaptação” . (Djalma de Sá, Espaço Aberto gestores – ÉOS UNIDOS, 2020).

Embora, o mundo VUCA nos imponha uma série de desafios, por outro lado faz florescer a generosidade, o cuidado com o outro, o fortalecimento de valores, a criatividade. E com isso, vamos atravessando talvez a maior prova de reinvenção de nossas vidas.

Referências

CAOS. (http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2011/02/caos-o-deus-da-desordem.html)

EROS. ( http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2010/12/eros-e-anteros.html)

MANIFESTO ÁGIL. http://www.metodoagil.com/manifesto-agil/

MUNDO VUCA. https://www.ieepeducacao.com.br/mundo-vuca/

https://www.manager.com.br/reportagem/reportagem.php?id_reportagem=29

Sobre a autora

Letícia é mentora Comercial na Éos. Graduanda de Gestão Comercial, ingressou na área comercial da Éos buscando no mercado jurídico potenciais clientes para o desenvolvimento do seu negócio através da profissionalização da gestão.

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