20 de janeiro de 2020

Antes de tudo, queremos lhe desejar um feliz 2020! Entramos em uma nova década, iniciamos um novo ciclo que, certamente virá repleto de desafios e oportunidades. Não sabemos ao certo o que ainda nos espera nesta caminhada, o que sabemos é que continuaremos firmes em busca da felicidade. Isso mesmo! A despeito das características pessoais, de personalidade, condição econômica ou social, no fundo o que buscamos é: ser feliz!

Ser feliz tem forte relação com o que somos e fazemos a cada dia. Se o que estamos fazendo, nos dedicando e nos comprometendo nos remete a boas sensações, nos impulsiona e energiza, arrisco afirmar que estamos vivendo a felicidade.

Caso estejamos vivendo a felicidade nos termos apresentados, com novo ano, temos reforçado o convite de estreitar vínculos e ações que apoiam e nos aproximam do nosso propósito. Caso ainda não estejamos vivendo a felicidade nos termos apresentados, temos o convite a avaliar as possibilidades que os próximos dias podem nos oferecer.

E o que há de comum em situações tão diferentes? É o chamado a empreender!

Empreender é transformar!

Empreender é transformar a si mesmo, o entorno, o seu negócio e o seu mundo. Empreender é agir pela mudança.  Empreendedor é aquele que imagina, desenvolve e realiza suas visões.  Não há empreendedorismo sem criatividade, capacidade de sonhar, estratégia e disciplina para transferir a ideia do campo da mente e realiza-la, torna-la concreta e reconhecível.  Não há empreendedorismo sem boa dose de desconforto, pois é o desconforto, o problema que sinaliza as oportunidades.

Problemas são oportunidades disfarçadas

Embora a afirmação possa ser clichê, gosto de olhar para ela a luz da verdade que ela traz! Gosto da ideia de buscar a origem das palavras para entender a profundidade do significado que carregam. Etimologicamente, problema, do grego pró, “diante, à frente”, mais bállein, “pôr, colocar, lançar”, o que remete a ideia de “lançar-se à frente”. No latim, gerou propositum, pro, com o mesmo significado do grego, e positum, “posto, colocado”. E de onde vem a palavra oportunidade?

Vem do nome de um vento. Os romanos tinham o hábito na Antiguidade de dar nome aos ventos. E um vento que eles apreciavam imensamente, que levava o navio em direção ao porto, era chamado de ob portus, o vento oportuno. O que que é oportunidade? É quando você pega o vento favorável, aquele que o leva para o porto. O vento inoportuno é o que o tira da direção do porto. O que é o porto? O porto – assim como uma porta – é a segurança, é entrada e saída, é aquilo que o impede de ficar estanque na coisa mais perigosa que existe, que é ser prisioneiro de si mesmo. (Cortella, 2015, p. 46).

Segundo o autor a oportunidade é aquilo que nos tira do mesmo, porque o porto ou uma porta é, antes de mais nada, uma saída. Como é a saída em grego?  Exodus, em inglês exit, “que significa sucesso, resultado positivo e também saída.

Para ir da oportunidade ao êxito é preciso enfrentar os medos de mudança, romper o sentimento e ir atrás do vento oportuno”. (Cortella, 2015, p. 46).

O que é preciso fazer para buscar o vento oportuno e se colocar em jornada empreendedora?

Não tenho a resposta à pergunta, mas gostaria de compartilhar com você algumas reflexões. Acredito que o primeiro passo é a decisão de percorrer o caminho. Caminho este permeado por desafios (problemas) de ordem pessoal, interpessoal técnica e gerencial. Por isso considero a relevância tanto de ter a clareza do propósito, o que queremos, qual é a visão, qual resultado especificamente desejamos obter. E não menos importante é conhecer os nossos “adversários”, não os de ordem externa, mas os internos, aquelas vozes que temos dentro da mente e que acabam por sabotar os planos e as ações para a realização do objetivo. Conhecer essas vozes permite identificar o momento em que elas aparecem e não mais permitir que determinem nossos comportamentos.

Clareza; autoconhecimento; crenças impulsionadoras; comportamento congruente e cultura da aprendizagem são itens essenciais na bagagem para buscar o vento oportuno e se colocar em jornada empreendedora.

1. Clareza

O que especificamente você deseja ver acontecer na sua vida pessoal, no seu negócio e que estejam diretamente atrelados ao seu âmbito de influência? Se o empreendedor é aquele que faz a visão acontecer, imagino que o primeiro passo da ação empreendedora é ter a visão clara, do cenário ou situação desejada, ou de para onde se está indo. E para ilustrar, recorro a passagem da obra Alice no país das maravilhas: “Alice perguntou: Gato de Cheshire…pode me dizer que caminho devo tomar? Isso depende do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.  Eu não sei para onde ir! – disse Alice. Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”. Lewis Carol

A clareza sobre o objetivo dá poder. Quanto mais claro for o seu objetivo, para si mesmo, para sua carreira e para o seu negócio mais chances terá de realizar a visão e de reconhecer o vento oportuno.

2. Conhece a ti mesmo

Em grego transliterado a frase é gnōthi seauton, traduzido para o português como “conhece-te a ti mesmo”, inscrição presente na entrada do templo de Delfos, na Grécia, dedicado a Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria.  Da Grécia antiga ao caos da pós-modernidade, gnōthi seauton continua presente a cada passo na jornada empreendedora, que pede clareza em relação ao destino e atenção quanto ao caminho.

Valores: Como queremos caminhar?  

Como queremos caminhar? Quais armadilhas podemos encontrar pelo caminho e como podemos nos manter atentos? A pergunta sobre como queremos caminhar remete aos valores. Valor é tudo aquilo que é importante. Cada um de nós tem um conjunto e uma hierarquia de valores que regem nossas ações, escolhas e que estão estreitamente ligados a motivação – motivo para ação.  Fazemos algo ou deixamos de fazer em virtude de valores que queremos nutrir ou preservar. Nossos valores atuam como critérios profundos para tomada de decisão. Quais são os seus valores? O que você está disposto a negociar e o que você não está disposto a negociar?

Sabotadores: Crítico interno

Fazemos planos e projetos que acabamos muitas vezes abandonando ao longo do caminho. Não que exista um único motivo pelo qual isso ocorra, mas a experiência tem ensinado que, via de regra, o adversário mais desafiador de ser enfrentado não está fora de nós, mas sim dentro da mente. Quando identificamos e reconhecemos as vozes do nosso crítico interno conseguimos nos manter alerta em relação aos nossos sabotadores.

Os sabotadores são as vozes do nosso crítico interno, que expressam um conjunto de padrões mentais automáticos e habituais, cada um com sua própria voz, crença e suposições que trabalham contra o que é melhor para você.  Eles começam como guardiões que nos ajudam a vencer ameaças reais e imaginárias à nossa sobrevivência física e emocional quando crianças. Quando chegamos à idade adulta, esses Sabotadores não são mais necessários, mas se tornaram habitantes invisíveis da nossa mente. Eles formam as lentes pelas quais vemos e reagimos ao mundo, sem saber que estamos usando lentes.  CHAMINE (2013).

SHIRZAD CHAMINE, na obra Inteligência positiva classifica dez Sabotadores.  O Crítico é o principal Sabotador, o que afeta todos em algum nível. Os ouros sabotadores elencados pelo autor são: o Insistente; o Prestativo; o Hipervigilante; o Inquieto; o Controlador; o Esquivo; o Hiper realizador; a Vítima e o Hiper – racional. O “danadinho” do Crítico sempre se junta a pelo menos um ou dois sabotadores “cúmplices” para executar sua sabotagem.

Se você deseja conhecer a atuação dos sabotadores, sugiro que faça o teste gratuito disponível aqui! 

O nome de sabotador pode até parecer assustador, mas gosto de pensar em sabotadores como competências “super desenvolvidas” ou como competências “subdesenvolvidas”, que requerem uma boa dose de vitamina para ficar mais fortinhas e nos impedir de cair em determinadas ciladas.


Quer um exemplo?

Imagine a pessoa identifica o “Controlador” altamente desenvolvido. É o indicativo de alguém com necessidade baseada em ansiedade de assumir a responsabilidade e controlar situações, forçando as ações das pessoas à sua própria vontade. Resulta em alta ansiedade e impaciência quando não é possível realizar segundo a sua vontade e critério; conecta-se com outros por meio de competição, desafio, atos físicos ou conflitos, em vez de por emoções mais delicadas; é confrontador; fica surpreso por os outros se magoarem; intimida os outros e tende a adotar   comunicação direta que não raramente é interpretada pelos outros como raiva ou crítica. Chamine (2013).

Por outro lado, quando o controlador está desnutrido, o resultado é uma pessoa que não se apropria do que lhe é de direito; não assume o seu lugar; deixa que os outros assumam todo o domínio da situação que deveria estar sob os seus desígnios.  Ou seja, quando a competência “controle” está super desenvolvida ela entra em desequilíbrio, e quando está subdesenvolvida também. Conhecer os nossos sabotadores nos permite identificar as vozes internas, desafia-las e ter a disposição outras e diferentes escolhas comportamentais.


Fechar os olhos ou negar a existência de um determinado perigo ou cilada, não nos protege. Agora, identificar, reconhecer e manter vigilante em relação aos perigos e ciladas nos dá escolhas e nos abre novas oportunidades.

3. Crenças

Crenças são estruturas linguísticas pelas quais evidenciamos verdades pessoais sobre o “si mesmo, sobre o outro e sobre o mundo”. São sentimentos de certeza. São lentes através das quais enxergamos o mundo. As crenças atuam fortemente sobre o comportamento, pois elas podem ser impulsionadoras ou enfraquecedoras e portanto limitantes.

As crenças que cultivamos são aprendizados que registramos em um dado momento em nossas vidas, com o recurso que tínhamos naquele momento específico. Portanto, identificar uma crença limitante ou enfraquecedora quando ela aparece nos dá uma oportunidade de ouro de desafia-la a luz dos recursos que temos agora.

A jornada empreendedora requer que o caminhante se nutra de crenças impulsionadoras e que aprenda a reconhecer as crenças enfraquecedoras quando essas derem o ar da graça e mantenha  o firme propósito de desafiar tais crenças, que talvez até pudessem ser verdadeiras no passado, mas que agora não fazem mais sentido. Seria como operar com um software antigo. Por isso é fundamental atualizarmos constante esses softwares.

O fato de acreditar não faz com que tudo de certo magicamente, mas  nos coloca em movimento, em marcha rumo ao objetivo. A pessoa que acredita que algo não dará certo, não se disponibiliza a empreender ações, fundamentais para a mudança do status quo.

4. Comportamento

O comportamento é a expressão das ações. A jornada empreendedora é assinalada por ações, pois são elas que produzem resultados e ajudam a ajustar as velas para aproveitar o vento oportuno. Quando me refiro ao comportamento, penso naquele conjunto de ações fundamentais para nos aproximar do resultado desejado. Mas apenas a clareza sobre as ações talvez não contribua muito. É imprescindível transformar ações em tarefas, e atuar sobre elas, até realiza-las, de modo a   colocar em movimento o efeito dominó.  Esta recomendação não é de minha autoria.

Na verdade eu a encontrei  na obra de KELLER & PAPASAN, denominada de A única coisa, obra que transcrevo um trecho a seguir e recomendo fortemente a leitura:

Em Leeuwarden, na Noruega, no Dia do Dominó, 13 de novembro de 2009, a Weijers Domino Productions coordenou a queda de dominó que bateu o recorde de maior do mundo, alinhando mais de 4.491.863 peças numa estrutura estonteante. Nesse evento, uma única delas colocou em movimento uma queda de dominós que deflagrou, cumulativamente, mais de 94.000 joules de energia, quantia gasta por um homem de porte médio para executar 545 flexões de braço.

Cada dominó em pé representa uma pequena porção de energia potencial; quanto mais são alinhados, mais energia potencial é acumulada. Alinhe o bastante e, com um simples toque, você pode iniciar uma reação em cadeia de poder surpreendente. Quando uma única coisa, a coisa certa, é posta em movimento, pode tombar muitas outras. E tem mais. Em 1983, Lorne Whitehead escreveu no American Journal of Physics que havia descoberto que dominós em queda poderiam não somente tombar muitas coisas, mas também tombar coisas grandes. Ele descreveu como um único dominó é capaz de derrubar outro dominó 50% maior. (KELLER & PAPASAN 2014, p.15-16)

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E, de acordo com os autores “não há muito o que inventar quando o assunto é tombar dominós, você os alinha e empurra o primeiro”. Assim, o nosso trabalho consiste em diariamente, alinhar as prioridades mais uma vez, encontrar o primeiro dominó e agir sobre ele, até que ele cair. Desta forma, o  que começa linear se torna geométrico. Você faz a coisa certa, depois faz a próxima coisa certa. Com o tempo, elas se somam, e o potencial geométrico do sucesso é deflagrado. “Sucesso é construído sobre sucesso, e, conforme isso acontece, cada vez mais, você segue em direção ao maior sucesso possível”.  Keller & papasan (2014, p. 18).

5. Cultura da aprendizagem e solução de problemas

A jornada empreendedora requer amorosidade na tratava do erro. O fracasso não existe. O que exite é o resultado. Se o resultado obtido se distancia do resultado desejado, então meu caro, é hora de revisitar as estratégias e firmar acordos de vigilância e atenção para o futuro.  A jornada empreendedora desafia o caminhante a olhar os problemas de modo a contribuir significativamente com a solução e isso requer adotar a cultura do resultado em vez da culpa; o olhar para o processo “o como” em vez da justificativa do “por que’; escolher a partir de possibilidades em vez de necessidades e curiosidade em vez de suposições”.

Assim, ouso afirmar que 2020 está de braços abertos, convidando você a escolher pela jornada empreendedora. Com visão clara, objetivo definido, conhecendo seus valores e sabotadores, definindo e alinhando ações estratégicas e tarefas e levantando aprendizados independentemente dos resultados obtidos, meu caro, você terá realizado uma jornada empreendedora de 2020 para frente com o olhar diferente!


Referências

FUKS, R. Conhece-te a ti mesmo. Disponível em https://www.culturagenial.com/frase-conhece-te-a-ti-mesmo/ acesso em 27/12/2019.

CHAMINE, S. Inteligência positiva: por que só 20% das equipes e dos indivíduos alcançam seu verdadeiro potencial e como você pode alcançar o seu         Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra: inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. RJ: Vozes, 2015.

PROBLEMA. https://www.dicionarioetimologico.com.br/problema/ acesso em 30/12/2019.

Sobre a autora

Erika Lotz é mentora de Capital Humano na Éos. Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy. É docente em programas de graduação e MBAs nas áreas de Gestão de Pessoas e Coaching.

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