17 de abril de 2019

Olá! Eu sou Erika Lotz mentora de Capital Humano da EOS INOVAÇÃO na Advocacia e hoje quero me dirigir a você, advogado recém formado ou então profissional que busca nova oportunidade de colocação no mercado de trabalho.

A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB registra que atualmente há cerca de 1,1 milhão de advogados no Brasil. São 1.210 cursos de Direito no país, com um número aproximado 900 mil estudantes, o que possibilita a colocação de novos profissionais no mercado de trabalho em larga escala.
Uma parcela desses novos profissionais jamais chegará a advogar; outra optará por empreender; e outra buscará uma oportunidade do mercado de trabalho junto a escritórios consolidados onde possa construir carreira. Mas, como se diferenciar de toda uma legião de outros advogados em um processo seletivo? Será que é possível perder uma boa oportunidade de trabalho por conta de um pequeno detalhe: a estruturação do seu currículo? Instigante não?

Um olhar sobre o processo seletivo

A seleção de pessoal é um processo de comparação que envolve, de um lado, os requisitos do cargo e, de outro, o que o candidato tem a oferecer, por meio de seus conhecimentos, suas habilidades e seus comportamentos.
Tendo em vista o imperativo da compatibilidade entre o perfil do candidato e os requisitos do cargo, podemos nos deparar com três situações:

  • O perfil do candidato está aquém das exigências do cargo – o candidato não apresenta as condições compatíveis às exigências da vaga, o que o coloca fora do processo seletivo.
  • O perfil do candidato é mais elevado do que exige o cargo – o candidato é muito qualificado para desempenhar determinado cargo. Nesse caso, o candidato também é eliminado do processo seletivo.
  • O perfil do candidato é compatível com as exigências do cargo – o que o candidato tem a oferecer equivale aos conhecimentos e às habilidades requeridos para o desempenho do cargo. Nesse caso, o candidato está apto a prosseguir no processo seletivo.

A pessoa certa no lugar certo

A entrega do processo seletivo é colocar a pessoa certa no lugar certo. E para realizar esse “casamento” o candidato certamente será avaliado tendo em vista as habilidades técnicas e comportamentais.

  • As habilidades técnicas correspondem ao domínio de uma determinada atividade, isto é, envolvem o conhecimento especializado. Tais habilidades consistem na utilização de conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas, por meio de instrução, experiência e educação. O currículo tem a missão de registrar as habilidades técnicas do profissional.
  • As habilidades comportamentais, correspondem com a capacidade de lidar consigo mesmo e com os outros e são decisivas para os resultados do colaborador no trabalho e absolutamente relevantes no mundo corporativo.

Peter Drucker (1909-2005), pensador, escritor e professor, considerado o pai da administração moderna, costumava dizer que “as pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos”.

O mercado jurídico tem requerido cada vez mais elevadas habilidades técnicas e consolidadas habilidades comportamentais, dado que é fundamental que para trabalhar na área o profissional consiga manter suas entregas apesar de todas as pressões, cumpra prazos, tenha organização, disciplina, equilíbrio emocional e boa dose de inteligência social pois a fidelização de clientes e a leveza no ambiente de trabalho se obtém com respeito, elegância, interesse e gentileza.

Envio currículos e não sou chamado para entrevistas

Você sabia que enviar currículos e não ser chamado para entrevistas pode não ter relação com maré difícil ou com recessão econômica, mas sim com uma coisa mais simples? O seu currículo não está chamando a atenção do selecionador!

Como mentora de Capital Humano tenho a oportunidade de acompanhar diversos processos seletivos em escritórios de renome. A vaga é divulgada no site da OAB; linkedin e em várias redes sociais. Dezenas de currículos chegam às mãos dos selecionadores – RH do escritório contratante ou empresas especializadas. Mas o que de fato acontece é que a maior parte dos currículos é descartada logo na primeira triagem.

Ai eu me pergunto, será que tais candidatos cujos currículos não chamam a atenção do selecionador – não tem os skills necessários para a vaga ou estão deixando ir embora a primeira grande oportunidade de se fazer representar?

E por mais que vivamos às voltas com alta tecnologia, inteligência artificial, processos seletivos alicerçados em softwares de gestão de pessoas, o bom e velho currículo em papel ainda continua operante e pode ser a ponte que você tanto deseja para conectá-lo com a oportunidade de atuação tão almejada.

E se você se encontra exatamente nesta situação de buscar uma colocação no mercado jurídico, quero te fazer uma pergunta: o seu currículo o representa? Ele está elaborado a ponto de despertar o interesse do recrutador? Tem foco e objetividade? As informações estão distribuídas de modo a informar a sua trajetória e desenvolvimento profissional?

A função do currículo

O currículo é o primeiro contato do selecionador com o candidato. Tem a função de chamar a atenção do selecionador, que muitas vezes tem pouquíssimo tempo para fazer a triagem. E sendo assim, dificilmente irá se deter para “caçar” as informações. Ele costuma ir adiante sem se deter na análise de um currículo que não tenha foco e as informações dispostas de forma clara e ordenada.

O propósito do currículo é apresentar o objetivo e as qualificações do candidato, de modo que o selecionador encontre consonância entre os requisitos exigidos pela função e o perfil do candidato.

O conteúdo e a forma

Quando o selecionador analisa um currículo, dois aspectos são considerados: o conteúdo e a forma. O conteúdo expressa as informações sobre o candidato: nome, endereço, e-mail, objetivo, formação acadêmica, experiência profissional, formação complementar, entre outras. A estética, a ordem, a limpeza, o tipo de papel escolhido, o cuidado com a grafia das palavras e a formatação expressam a forma. E acredite, o modo como se expressa naquele pedaço de papel informa muito sobre você.

A estruturação

Para apresentar o candidato e despertar o interesse do selecionador para uma entrevista, é fundamental que contenha as seguintes informações:

  • Nome completo do candidato – Indicado no alto da página em negrito ou em destaque.
  • Dados pessoais – Endereço completo com CEP, telefone com DDD e e-mail.
  • Objetivo – Cargo ou área desejada.
  • Formação – Formação escolar, a começar pela atual ou a mais recente, informando o nome do curso, nome completo da instituição, ano de conclusão (completo ou previsto), cidade e estado. A ideia de iniciar pelo ano de conclusão oferece uma linha do tempo interessante sobre o investimento do candidato na carreira. Observe que não é necessário inserir o Ensino Médio se você já está cursando uma especialização.
  • Experiência profissional – Seção que deve incluir as três últimas experiências, informando a empresa, a cidade e o estado, o cargo ocupado e as funções desempenhadas em, no máximo, quatro linhas para cada experiência. Este campo é importante, pois, ao analisar suas atribuições o selecionador pode desenhar uma ideia das competências técnicas e comportamentais que um profissional precisa ter para realizar tais entregas.
  • Informações complementares – Apresenta informação sobre cursos de idiomas e outros cursos com adesão à área desejada. Devem ser incluídos o nome completo do curso, a instituição, o ano e a carga horária. Também neste campo podem ser indicadas as participações em palestras, eventos, intercâmbios, trabalhos voluntários, entre outros.

Dicas finais

Existem diversos tipos de currículos que servem a diferentes áreas. O importante é que o candidato preste atenção à demanda de cada área de atuação para apresentar as informações que são, de fato, relevantes.

Talvez você esteja se perguntando: mas em qual campo eu insiro informações de que sou comunicativo, bom negociador, equilibrado emocionalmente, entre outros?

Não insere! Currículo é lugar para registrar os requisitos técnicos, conhecimentos e habilidades para o exercício do cargo. As competências comportamentais, que são aquelas voltadas a inteligência intrapessoal e interpessoal não podem ser avaliadas no currículo.

Para conhecer os soft skills dos candidatos existem as outras etapas do processo seletivo, a exemplo da entrevista, do mapeamento de perfil entre outros, aliás tema para outro artigo!

Muito bem! Agora você que está municiado de um conjunto de informações técnicas talvez seja a hora de lançar um olhar carinhoso para o seu currículo e se encontrar oportunidades de melhorias, implemente-as! Pois, ele pode ser a ponte de ouro entre você a sua tão sonhada oportunidade!

Espero ter contribuído com você!

Sobre a autora

Erika Lotz é mentora de Capital Humano na Éos. Trainer em Psicologia Positiva pela European Positive Psychology Academy. É docente em programas de graduação e MBAs nas áreas de Gestão de Pessoas e Coaching.

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